sexta-feira, 23 de abril de 2010

Tribuna do Povo em Santos - 1899

Jornal Diario de Santos
Santos, 28 de Novembro de 1899
Importantissimo
Leilão Judicial do JORNAL  "TRIBUNA DO POVO"
Em Santos
Quinta - feira, 30 de Novembro
Auctorisado por alvará do exmo, Sr dr. Juiz de direito da 2ª vara desta comarca, a requerimento do Sr. Manoel Teixeira de Souza, na execução de penhor que move contra o jornal Tribuna do Povo, venderá em franco leilão e ao correr do martello a r material, officina, machinas, typographia, móveis e utensílios que guarnecem esse conhecido e acreditado jornal recebendo vastíssimo terreno, para com boa orientação e pequeno capital auferir grandes lucros em futuro.

QUINTA-feira, 30 de Novembro
A’ 1 hora da tarde
A RUA DO ROSARIO, 90
O leiloeiro Elias Mendes
NOTA – os srs, arrematantes darão um signal de 20 ‘l, no acto, e o pagamento integral No acto da escriptura 48 horas após o leilão.

Acervo: Waldir Rueda
TRIBUNA DO POVO
Publicação Semanal
 
Anno I Santos - Segunda-feira 26 de Março de 1894 Nº 1
Olympio Lima, sentado, tendo à esquerda Alberto Veiga e à direita Manuel Pompilho dos Santos

Sepultura de Olympio Lima no cemitério do Paquetá
Pranteadora
Acervo: Waldir Rueda
Simbologia Cemiteral em Santos
A mulher que interpreta em pranto e dor a perda do ente querido. Apoiada na base da cruz ou aos pés do falecido, significa que o falecido teve uma vida baseada na Fé e na Religiosidade.
Busto do próprio falecido. Vinculado muitas vezes à representação social e política, mais que ao caráter religioso.
Pergaminho: Significa a relação entre o tempo e a vida. As extremidades enroladas para cima representam à vida que se desdobra num comprimento incerto com o passado e o futuro não revelados. Também uma menção honrosa ao falecido. No caso, escrito neste pergaminho, uma homenagem a sua vida de trabalho.
Rosa Aberta (ramalhete): Indica a beleza e virtude que o falecido possuía.

Olympio Lima
Nasceu no Maranhão em 1864.
Chegou a Santos em 1894, e junto ao dr. Manuel Tourinho, funda o jornal “ Tribuna do Povo”.
Os artigos de Olimpio Lima não combinavam com o espírito patriótico dos santistas, que acabara de lutar pela proclamação da República e a abolição dos escravos. Monarquista, conservador, racista, acabou arrumando muitas inimizades por aqui, uma vez que a grande maioria do povo santista era republicana.
Seu jornal foi invadido e quebrado várias vezes, devido à direção que dava aos artigos, sempre preconceituoso e conservador, quanto à política local e nacional
Estando com a saúde precária, vende o jornal que, mais tarde acaba sendo incorporado ao “Diário de Santos”. Não se sabe o que ocorreu nessa transação, porque Olimpio Lima afirmava que fora roubado, embora tudo tivesse sido feito a luz da Justiça.
Revoltado por não conseguir reaver seu jornal, funda outro, com nome parecido e com a mesma orientação política, “A Tribuna“, em 19 de dezembro de 1899, colocando ANO VI, no cabeçalho, demonstrando o sentimento de frustração, pela perda do outro.
A interpretação que se dá até hoje é equivocada, porque um não é a continuação do outro, pelo menos, não, judicialmente. Quando da fundação de “A Tribuna”, o outro funcionava normalmente. Só mais tarde é que foi incorporado ao “Diário de Santos”.
Na realidade, Olimpio Lima foi o fundador de dois jornais. Apesar de seu temperamento forte, que o indispôs com muita gente, foi considerado o jornalista mais famoso de Santos, porque seus artigos provocavam, sempre, uma reação. Atingia a todos, independente de classe social ou situação política.

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